quarta-feira, 25 de março de 2015

Crónica

CRÓNICA

Nos últimos anos sempre que oiço as falarem de Futebol e de quem é o melhor do Mundo, o melhor do Ano, da Década e do Século, penso o porquê disto. Nos últimos anos a Imprensa leva o futebol pelo caminho das individualidades e rivalidades e nós adeptos e apaixonados pelo jogo vamos atrás desta onda eficaz e conveniente para os Senhores que fazem diariamente manchetes para vender, porque todas estas conversas e rivalidades levam a que haja uma maior venda e procura de vídeos mínimos e campanhas de quem dá mais abraços ou menos às crianças que estão no túnel de acesso aos balneários. Com isto pergunto, será que é isto o Futebol?

Uns dizem, hoje em dia, que o que difere o melhor jogador está nos números, aliás até o próprio Cristiano Ronaldo já fala disto. Eu pessoalmente discordo! No meu olhar de Treinador os números estão implícitos, pois preciso deles para “viver” mas como adepto e apaixonado pelo jogo será tanto assim?

Na semana passada ao ver o jogo entre Barcelona e Manchester City era impossível ficar-se indiferente ao que Messi fazia no campo ao ponto de na Bancada estar outro génio do Futebol chamado Guardiola, viram as suas expressões? Uns dizem que ele não o pode fazer, pois é profissional de outro clube, sim é verdade e então? Não será antes um apaixonado por Futebol, quantos de nós fizeram o mesmo? E Será que dá para controlar? Ainda para mais estando em pleno Estádio.

Façamos o seguinte exercício… Quando vão ao youtube e colocam um simples vídeo de futebol, o que procuram? Maior número de golos num jogo, ou os melhores golos do ano? O jogador que marca quatro num jogo, ou as pedaladas de Neymar e Hazard que humilham os adversários? Os números de Ronaldo, ou por exemplo a “revienga” que este fez a Ashley Cole ainda no Manchester United? Quando se lembram de Ronaldinho, Maradona ou Zidane, vão ver o histórico de prémios individuais e os números ou as imagens que nos faziam sonhar e delirar ao ver um jogo destes?

Será que este jogo que nós amamos merece ser retratado e recordado como um programa de computador ou uma análise económica, ou devemos sim recordar e sentir saudade daqueles génios que estando a jogar a 5000 KM da nossa casa e que os vemos numa televisão nos conseguem colocar dentro desta e pensar como ele faz isto? O que fará a seguir? Pois, eu não olho para Iniesta à procura de 2 golos num jogo, ou de 5 remates à barra, eu desfruto daquela magia natural que ele proporciona. Viciado como sou de futebol e sinceramente não me recordo ao certo de quantas Bolas de Ouro terá vencido Ronaldo o fenómeno, mas lembro-me de um “elástico” que ele fez na linha lateral ao serviço do Inter, ou das suas arrancadas dignas de um Fórmula 1.

A genialidade consiste em momentos, não em números ou troféus. 

Autor: CP

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