domingo, 26 de abril de 2015

Hugo Miguel (Árbitro Internacional)

"FLASH INTERVIEW" A HUGO MIGUEL



Ups, mete gelo





1.  Como começou a sua ligação ao mundo da arbitragem?

Começou desde miúdo por influência do meu pai (ex-árbitro) acompanhando-o em muitos e muitos jogos. Sempre gostei do ambiente que se vivia no futebol e entre as equipas de arbitragem. Depois de ter jogado futsal, na transição de júnior para sénior, decidi tirar o curso e experimentar entrar em campo na pele de árbitro.

2.  Qual tem sido o seu percurso de arbitragem até hoje?

Felizmente sempre em ascensão. Desde os distritais, passando pelos escalões nacionais (antigas 3.ª Divisão e 2.ª B) até chegar ao futebol profissional. Mesmo aí após alguns anos consegui atingir o estatuto de Internacional.

3.  Ainda se lembra do primeiro jogo como árbitro?

Claro, um jogo de Iniciados em 1996 entre as equipas do SL Olivais e do Hockey CP, disputado no campo Branca Lucas, na altura ainda pelado.


4. Como avalia a arbitragem em Portugal?


Avalio pela positiva obviamente. Comparativamente com o que se passa nas outras Ligas profissionais europeias, os nossos árbitros não ficam nada aquém em termos de consistência e fiabilidade nas decisões. E isso comprova-se pelas constantes chamadas para grandes competições, nomeadamente campeonatos do mundo em que os nossos principais árbitros têm estado presentes.


5. E o futebol português, como o avalia?


De igual forma. Se em 2012 Pedro Proença foi distinguido como melhor árbitro do mundo, temos tido nos últimos anos prémios de que todos os portugueses se devem orgulhar. Cristiano Ronaldo é o melhor jogador do Mundo, José Mourinho o melhor Treinador e Jorge Mendes melhor Agente. Estes são logicamente as personalidades que mais se destacam, mas diz bem da qualidade que os protagonistas portugueses podem alcançar. O árbitro, o treinador, o jogador e o empresário português são respeitados em todo o lado, é quase como se se tratasse de um produto certificado.


6. Como é em termos gerais a preparação de um árbitro durante a semana?


Em termos físicos a semana tipo começa com treino de recuperação, no dia seguinte um treino com intensidade mais forte e um dia de descanso a meio da semana. Depois à medida que se aproxima o próximo jogo reservamos dois treinos para introduzir velocidade de resistência e de reação. Em termos técnicos temos a preocupação de manter a atualização sobre as leis do jogo, paralelamente com a visualização dos nossos jogos e das equipas que iremos arbitrar no jogo seguinte.


7. Os árbitros de baliza tem sido alvo de muita polémica. O que nos pode dizer sobre este assunto?


Já tive oportunidade de fazer de árbitro de baliza em jogos do Pedro Proença, Jorge Sousa, Artur Soares Dias e Duarte Gomes e digo sem sombra de dúvida que podem ser uma mais-valia. Sobretudo porque a presença de mais um árbitro sempre fixo naquela zona do terreno dissuade os jogadores de cometerem certo tipo de infrações. Há estudos que comprovam isto, mas relembro que na Fase Final do euro 2012, só houve uma grande penalidade e foi no jogo de abertura entre a Polónia e a Grécia.


8. Acha que a imprensa é a maior inimiga dos árbitros?


Não concordo. Como em tudo na vida há o lado bom e o menos bom das coisas. Há jornalistas que merecem o maior respeito e que tratam a arbitragem de forma bastante correta e há outros que estão mais interessados em alimentar polémicas.


9. É a favor da introdução de novas tecnologias para auxílio da arbitragem?


Sim sou claramente a favor. Mas isto sem qualquer desresponsabilização da nossa função enquanto juízes. Tecnologia na linha de golo é bem-vinda, porque há lances humanamente impossíveis de visualizar em campo.


10. O que menos gosta no futebol?


Dos programas pós-jogo, com escalpelização e repetições de lances em slow motion e com análises de facciosos comentadores avençados por clubes. Pessoas que nunca jogaram futebol, que não têm qualquer conhecimento do jogo e que são leigos em matérias de arbitragem, mas que funcionam como fazedores de opinião.

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